Ao declarar que a contaminação pelo coronavírus havia se tornado uma pandemia, o presidente da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, afirmou que a crise gerada por esse novo vírus definirá nossa geração. Menos de um mês depois, com um terço da população do planeta confinada para barrar uma propagação ainda mais devastadora, não resta dúvida que ele estava certo. Nosso desafio agora é sermos definidos como aqueles que enfrentaram a crise com disciplina, serenidade e, sobretudo, com humanidade, evitando todas as perdas que puderem ser evitadas.
O caminho para isso, todos nós já ouvimos dos médicos e cientistas: o isolamento social. Não é fácil, principalmente para nós, latinos, acostumados a gestos afetivos e convivência social intensa, imersos numa crise econômica, que já ameaçava empregos e obrigava muitos à informalidade para garantir o sustento.
Mas a cada geração é pedido um sacrifício. À nossa, é solicitado que fiquemos em casa o máximo possível, deixemos de abraçar nossos pais e avós e aceitemos as orientações dos médicos e dos governantes que mostram estar preocupados com as nossas vidas, mais que com a economia e o lucro.
Este é um momento de priorizar a vida. As finanças a gente organiza depois.
O Congresso Nacional aprovou um decreto de calamidade pública, do qual fui relator no Senado, que autoriza o governo federal a gastar o que for necessário com a saúde e o socorro financeiro. O governo tem todas as condições para priorizar a única coisa que importa neste momento: manter as pessoas salvas.
As ações, para as quais o dinheiro foi autorizado, estão vindo muito lenta e timidamente. Mas estamos lutando para que venham. Nesta segunda-feira, votaremos no Senado a medida provisória, já aprovada na Câmara dos Deputados, que garante um auxílio de R$ 600 para pessoas que atuam na informalidade e micro empreendedores individuais. É pouco? Sim, mas conseguimos ampliar o valor proposto pelo governo, que era de R$ 200, numa construção que reuniu parlamentares de todas as correntes políticas.
Temos uma lista de projetos de lei que priorizam ações de combate ao coronavírus na saúde e ajudam a economia. Vamos votá-los com urgência.
Estou em Brasília direto, há duas semanas. Decidi ficar aqui e ir presencialmente ao Senado, com apenas dois assessores mais jovens. Minha equipe continua trabalhando normalmente, mas de casa. Vou ao gabinete porque considero essencial o trabalho de aprovar as leis, com a maior rapidez possível, para que todos possam ter condições de superar esta terrível pandemia, sem ter que escolher entre o sustento e a vida.
Como disse o nosso inspirador Papa Francisco, estamos todos juntos nesse barco. Se nos mantivermos juntos, embora fisicamente apartados, venceremos a pandemia. Rezemos, cuidemos uns dos outros, e fiquemos o máximo possível em casa, mesmo longe de tantos que amamos. Quanto mais nos distanciarmos agora, mais cedo nos abraçaremos de novo e comemoraremos o fim dessa tormenta.
Weverton, senador e líder do PDT no Senado