O Brasil tem um déficit significativo de pessoas com formação universitária e um desempenho pífio quando a medição envolve os nossos jovens. Segunda a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o nosso país é um dos cinco piores entre as 45 nações membros ou parceiras da organização: apenas 21% dos jovens, entre 25 e 34 anos, têm curso superior completo. É um avanço, frente aos 11% de 2008. Mas está muito longe do padrão internacional, mesmo de países vizinhos, como a Argentina. E a pandemia do Covid-19 pode piorar esses números, se nada for feito.
A perda de renda e o desemprego causado pela pandemia já provocaram um aumento de 72,4% no atraso de mensalidades nas instituições de ensino superior brasileiras. E cerca de 32,5% dos alunos já abandonaram o curso, segundo o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo.
São milhares de jovens que adiaram o sonho de iniciar uma carreira de nível superior. Muitos deles podem não conseguir voltar. Uma realidade que terá impacto em suas vidas e no PIB nacional. Afinal, diploma não é garantia de emprego, mas estudos mostram que quanto mais qualificado o profissional, melhor sua chance de aumentar os rendimentos no mercado.
É necessário que sejam tomadas medidas urgentes para mitigar o efeito da pandemia nessa redução drástica do índice de jovens abandonando o ensino universitário.
Apresentei um projeto de lei no Senado para ampliar a faixa de acesso ao Fies, que hoje é voltado para estudantes com renda familiar de até três salários mínimos. Minha proposta é que passe a ser de até 12 salários mínimos, durante o estado de calamidade. Esses valores serão pagos ao final do curso. Com essa ampliação, o Fies passa a alcançar a classe média, empobrecida pela redução de consumo imposta pela pandemia do Covid-19. É uma ação temporária, mas necessária para salvaguardar o futuro dos nossos jovens e do nosso país.
A própria crise do coronavírus mostrou o quanto é necessário ter um país com renda mais equilibrada e com maior investimento na educação e na ciência. Tomemos essa lição a sério e façamos o dever de casa, pensando menos nos interesses dos investidores e mais no crescimento produtivo do país. Investir nos nossos universitários hoje é investir na economia do Brasil.
Weverton, senador e líder do PDT no Senado