BRASÍLIA (Reuters) – O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ofereceu um jantar na noite desta terça-feira para se “apresentar” aos deputados federais recém-eleitos e reencontrar antigos parlamentares, como parte do esforço de aliados dele de viabilizar a candidatura à reeleição do atual dirigente da Casa.
No encontro realizado na residência oficial da Câmara, segundo uma fonte presente, Maia não fez qualquer pedido público e explícito de apoio para continuar no comando da Casa a partir de fevereiro de 2019, já sob o governo Jair Bolsonaro. Em tom informal, ele fez uma rápida apresentação sobre os desafios que o país terá de passar, colocou-se à disposição de todos e preferiu cumprimentar e falar com cada um dos deputados, os antigos e novatos.
“Não se tocou em candidatura a presidente”, disse um dos presentes.
Entre as rodas de conversa no jantar para mais de 60 novos parlamentares, segundo duas fontes, não se deixou de falar, informalmente, da conjuntura nacional, de agenda legislativa, e da nomeação de ministros para o novo governo além, é claro, da presidência da Câmara dos Deputados na próxima legislatura.
O encontro tem, no entanto, os esforços de Maia para se reeleger como pano de fundo, admitiu outra fonte.
Ainda que sustente que o jantar não se tratou de um “evento de campanha”, a fonte mais próxima do presidente avalia que Maia tem conseguido construir sua pré-candidatura com sucesso. Embora não seja o preferido do presidente eleito e nem de seus aliados do PSL, segundo a fonte, Maia tem conseguido se firmar como um nome viável justamente por conseguir dialogar também com a oposição.
Sua eleição garantiria, dessa forma, uma governabilidade mais tranquila ao novo governo, ajudando no avanço das agendas de interesse de Jair Bolsonaro e funcionando como uma ponte entre o governo, o centro e a oposição.
Exemplo disso é a lista de convidados do evento da terça-feira: estavam presentes integrantes da oposição, como o líder do PCdoB, Orlando Silva, e o deputado Weverton Rocha (MA), do PDT. Os dois compareceram ao jantar que contou com a presença de novatos como o recém-eleito Alexandre Frota (PSL-SP).
FREADA
Nos bastidores, diante do fato de o atual presidente da Câmara não ser o preferido de Bolsonaro para ficar no cargo em 2019, parlamentares próximos de Maia já trabalham pela criação de um bloco partidário para viabilizar a candidatura dele ao comando da Casa.
“O que está se tentando aqui é criar um bloco grande de partidos para dar uma freada nele”, disse um dos líderes dessa articulação à Reuters, ao citar que participam desses debates por ora Solidariedade, PR, PP, DEM e PSD.
Essa fonte avalia que futuramente haverá um candidato a presidente da Câmara apoiado por Bolsonaro –ele já deu indicações de que é entusiasta de outros nomes que não Maia.
“Ninguém é ingênuo. A partir do momento em que ele começa a se articular o outro bloco também vai se organizar”.
Por Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito