Passada uma semana da greve dos caminhoneiros, o governo do presidente Temer continua patinando em seus desencontros, sem conseguir dar uma solução viável, de longo prazo, para a política de reajustes de preços dos combustíveis. Faz movimentos para atender as demandas dos caminhoneiros, mas, para não desagradar o mercado que o colocou no poder, repassa os custos dessas medidas para os mais pobres, cortando da educação e da saúde. Sobre redução do preço da gasolina e do gás de cozinha, o governo nem comenta. Tenta fazer omeletes sem quebrar os ovos de ouro dos investidores e, com isto, só aumenta a insatisfação da sociedade e o risco de uma nova crise de grandes proporções.
Tenho ouvido de forma recorrente na grande mídia que a solução seria privatizar a Petrobras. Não há afirmação mais estranha aos interesses da nação. Quem o diz, pensa somente na salvaguarda dos lucros dos acionistas da empresa. Hoje, a Petrobras controla os preços dos combustíveis e essa mesma lógica, de que o mais importante no momento é tranqüilizar o mercado, trouxe-nos até aqui.
O repasse para o consumidor final das variações do dólar e do preço do barril de petróleo é insustentável. Não há economia doméstica ou empresarial que sobreviva à impossibilidade de um planejamento, no mínimo, mensal. Essa montanha russa de valores é ideal para quem aplica na bolsa, mas é impraticável no dia-a-dia das pessoas que cozinham, que precisam dos carros para sua locomoção, para taxistas, mototaxistas, motoristas de aplicativos e caminhões.
O fato é que o mundo não é dividido entre soluções extremadas. Nada é 8 ou 80. A Petrobras não precisa nem estar à mercê de uma política ineficiente do ponto de vista empresarial, nem ser entregue à voracidade das privatizações inconseqüentes. Se, sendo uma empresa estatal, já estamos enfrentando essa disparada de preços, imagine se o imperativo do lucro fosse o único freio dado a ela.
O Brasil precisa de uma Petrobras forte, bem gerida, mas que cumpra corretamente seu papel de definidora de preços dos combustíveis em um país economicamente instável e com enormes desigualdades sociais.
O Brasil também precisa de um governo forte, que represente o povo e não os interesses dos grandes investidores. Um governo que seja sensível às necessidades dos mais pobres, à viabilidade dos pequenos e médios empresários e à boa gestão.
Por estas razões defendo uma Petrobras forte, bem administrada, mas ainda estatal. Defendo o investimento em refinarias, para que não continuemos tão dependentes das importações de gasolina e diesel. E defendo investimentos estruturantes em transporte público de qualidade, ferrovias e hidrovias. O que só poderá ser feito após a aprovação, pelo Congresso Nacional, de uma reforma tributária responsável e por um governo que tenha força e credibilidade para chamar o empresariado a participar do projeto de desenvolvimento, sem abrir mão do seu papel regulador em prol da sociedade como um todo.
Este modelo é um caminho muito mais seguro e durável para resolver a crise, que veio à tona com a greve dos caminhoneiros e evitar que outra se instale. O Brasil precisa se unir em um esforço para recolocar o Brasil de volta nos trilhos da estabilidade e do desenvolvimento.
Weverton Rocha
Deputado federal pelo PDT/MA e líder da Minoria na Câmara dos Deputados