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Notícias“Discutir 2022 agora prejudica o Maranhão”, diz Weverton Rocha

19 de novembro de 2018

Nascido no dia 8 de outubro, em Imperatriz, portanto um dia depois da vitória histórica na política maranhense, o senador eleito Weverton Rocha, 39 anos, tem toda a carreira política no PDT maranhense. Foi responsável pela reestruturação do PDT pós- Jackson Lago e, desde 2014, como deputado federal, trabalhou dia e noite se projetando como candidato a senador. No dia 7 de outubro, tornou-se senador com a maior votação já alcançada por um político do Maranhão: 1.997.450, faltando apenas 2.550 votos para 2 milhões.

Ele e sua colega deputada federal, Eliziane Gama (PPS), vão assumir no Senado no dia 1º de fevereiro, formando com o tucano Roberto Rocha a primeira bancada maranhense naquela Casa sem nenhum sarneísta, desde o distante 1970, quando o próprio José Sarney foi eleito senador pela primeira vez.

Agora, alinhado com o governador Flávio Dino, que também marcou a história política, ao derrotar Roseana Sarney e deixar o grupo praticamente extinto, Weverton Rocha não pretende abrir discussão antecipada sobre a disputa do governo em 2022.

Em entrevista exclusiva a O Imparcial, ele analisou a eleição de outubro como um desejo expresso do povo por alternância no poder. “Há quatro anos, sempre lembrei a todos que Flávio Dino havia ganho a eleição, mas não o poder”. Agora, diz Weverton Rocha, com a votação esmagadora de Flávio Dino,“aumenta a responsabilidade, e, ao mesmo tempo, confirma a sua liderança diante de uma administração propositiva, afirmação social, transparência, mudanças de práticas e políticas e prestação de contas do mandato”.

O Imparcial – Senador eleito Weverton Rocha, como o senhor analisa o resultado das eleições 2018 no Maranhão, principalmente a respeito da derrota imposta ao Grupo Sarney?

Weverton – O que se pode dizer é, em primeiro lugar, o desejo de alternância expresso pela grande maioria da população maranhense. Por uma mudança no rumo do vento. Há quatro anos, sempre lembrei que Flávio Dino ganhou a eleição, mas não o poder.

O poder ele consolidou ao longo do período. Imagine-se o grupo que foi derrotado depois de quase 50 anos mandando aqui. A eleição do governador vai definindo a tendência e a vontade do eleitor de não retornar mais os que estavam no poder, tiveram a oportunidade de realizar muito em favor do povo e não fizeram. Foi também um recado muito duro.

O governador foi eleito no primeiro turno com uma vantagem enorme sobre a candidata derrotada, além dos dois senadores, a maioria da bancada federal na Câmara e vitória esmagadora da Assembleia Legislativa.

Esse resultado diz o que para Flávio Dino sobre o mandato que está se encerrando?

Aumenta a responsabilidade e ao mesmo tempo confirma a sua liderança diante de uma administração propositiva, com transparência e prestação de contas do mandato. Ao fazê-lo durante a campanha, ele mostrou o que realizou e levou uma palavra de reafirmação de um plano de governo. Ele tem um plano de governo e sabe o que quer para cada área.

E o que vai acontecer, na opinião de senador eleito que participou diretamente de todas as articulações que resultaram na vitória? O senhor acha que vai haver ajuste no plano em ação, mudança na equipe, no modo de governar etc?

O governador tem dito e provado que é um político de palavra. Ele demonstrou que governa com quem o ajuda. Com quem tem capacidade para fazer o melhor pelo Maranhão. Ele foi eleito por 16 partidos políticos. Sabe que o time atual não é o mesmo que o elegeu em 2014.

Portanto, sabe que tem quadros importantes do bojo dessa aliança que, certamente, irão contribuir e compartilhar da gestão. Mas quem vai tratar disso e dar o rumo é o técnico do time. É esse técnico chama-se Flávio Dino.

Nessa conjuntura política na qual o senhor teve papel determinante com a votação recorde de quase dois milhões de votos, o que isso representa no contexto político atual?

Representa muito. De uma população que quis a mudança e a quebra de paradigma. Só em mandar para o Senado o filho de uma professora do ensino médio com um técnico agrícola; um jovem que só teve um partido na vida (PDT); e nunca se embandeirou pelo grupo Sarney, tem um enorme significado. Demonstra que dar para chegar lá sem se vender e sem se render ao sistema.

O Maranhão, em relação aos demais estados, está vivendo uma situação singular e historicamente inédita. Tem um governador comunista, entre aspas, reeleito no primeiro turno, enquanto o Brasil tem um presidente eleito, assumidamente de direita, simpatizante do militarismo e saudosista da ditadura militar. Flávio Dino é o oposto a esse presidente que o povo elegeu. Como se avalia isso?

Olha, o presidente Bolsonaro sabe que Flávio Dino foi eleito em razão da sua posição política e como gestor de talento. O povo deu-lhe a oportunidade de continuar por mais quatro anos. Isso o presidente tem que reconhecer. Acho que em razão disso, o Maranhão não poderá ser criminalizado pela postura de seu governador. Pelo lado que ele assume.

Ele tem lado. O lado da Constituição, o lado progressista e o lado popular, da população mais necessitada das ações do poder público. Mas isso tudo será objeto de avaliação, de amadurecimento e de novas estratégias de como se possa retomar os caminhos e continuarmos com o projeto de desenvolvimento do nosso país.

Pode haver retaliação de caráter ideológica do Planalto contra o Maranhão?

Se houver, vamos denunciar e lutar com todas as forças para que isso não venha prejudicar o Estado.

No Congresso, o grupo que venceu as eleições deixou os derrotados com uma minoria significativa. Como será conduzido esse processo de coordenação das bancadas na Câmara e no Senado na eventualidade de o Maranhão vir a ser retaliado?

Temos 12 dos 18 deputados eleitos na aliança com o PCdoB do governador e iremos procurar aumentar essa bancada e consolidar a posição do Maranhão na defesa dos interesses comuns do povo. Dos três senadores – eu e Eliziane Gama – vamos somar forças para ajudar Flávio Dino atravessar os tempos difíceis que virão.

A articulação de Flávio Dino com os colegas do Nordeste para uma tomada de posição regional na relação com o governo federal é possível ser feita com as bancadas do Nordeste, na formação de uma frente em favor da região?

É possível, pois essa articulação no Congresso já existe. Agora, com o resultado das eleições, muita coisa mudou em termos de governadores e congressistas, mas não mudou a essência dos problemas da região. É preciso que os senadores do Nordeste também assumam posição conjunta com o objetivo de autoproteção. É fundamental que essa compreensão seja compartilhada e adotada.

Na sua avaliação, a tendência da crise que se arrasta no país nos últimos quatro anos é de agravamento?

É claro que vai piorar. O governo Bolsonaro ainda não propôs nada com clareza, o que torna o cenário até mais perigoso. Eles já brigaram com o Mercosul – criou clima ruim por nada.

Também com a China, maior parceiro do Brasil. O jornal do Partido Comunista Chinês fez um editorial duríssimo contra o Brasil por motivo de declarações do presidente. É o pais que mais investe em infraestrutura e outros negócios. A China tem o peso de 17% em toda a nossa balança comercial.

Sem falar que a China é hoje o país que mais investe no Maranhão, com o Porto São Luís e a Refinaria de Bacabeira. Isso também pode ser afetado?

A equipe de Bolsonaro já criou problemas com países da Ásia, com Israel, com a Europa e não será fácil reconstruirmos novos caminhos e podermos retomar o desenvolvimento. O ambiente é muito ruim e ninguém pode prever o que virar dessas tomadas de posição.

Senador eleito, Weverton, o que vai acontecer daqui a quatro anos na política do Maranhão, com o fim dos oito anos de Flávio Dino e os primeiros quatro de sua investidura no Senado?

Olha, vamos esperar que os próximos quatro anos sejam para Flávio Dino o de cumprimento de suas metas, de concretização das mudanças em curso, mesmo diante de tantas dificuldades que terá de encarar para impedir o colapso que ocorreu em vários outros estados. Em Brasília, ele terá o apoio que não teve no primeiro mandato para tocar seus projetos. Vou continuar empenhado em ajudá-lo nesse novo momento.

Com essa votação recorde e histórica, você se estimula a pensar numa candidatura a governador em 2022?

Tenho sempre dito que não faço nenhum projeto pessoal. Individual. O projeto majoritário é de grupo. Estou preparado para todos os projetos que o grupo definir. Hoje, o grupo tem um comandante que é Flávio Dino. Vamos aguardar. É cedo para discutir isso.

Mas pelo menos sobre as eleições municipais de 2020, o PDT, que tem a maior bancada na Assembleia Legislativa e um número significativo de prefeitos, inclusive o da capital, Edivaldo Júnior, já se pode pensar sobre a sucessão da capital?

Olha, o condutor da sucessão em São Luís é o próprio Edivaldo. Ele tem experiência acumulada, é um gestor responsável, tem realizado uma gestão produtiva e limpa de atos desabonadores.

Como senador eleito, qual será o foco de sua atuação no Congresso?

O foco é a continuação da ação que desenvolvo ainda na Câmara, na defesa do trabalhador. É luta para garantir e fortalecer as conquistas do trabalhador. Vamos trabalhar para maior aproximação com o Maranhão.

O que o fez credor dessa votação, numa eleição com tantas “estrelas” da política concorrendo ao Senado, como Edison Lobão, Sarney Filho e José Reinaldo?

Foi uma campanha aberta, séria e franca. Com trabalho forte em todos os municípios e, é claro, a presença do governador Flávio Dino, uma liderança incontestável não só no Maranhão, mas no Brasil.

Fonte: O Imparcial

 

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